quinta-feira, 18 de abril de 2013

Qualquer semelhança não é mera coincidência!

Pessoal, hoje venho apresentar pra vocês, pessoalmente e em forma de cartoon, um projeto que tem trazido grandes alegrias para o nosso Laboratório de Biologia Molecular Ambiental, aqui na UFRJ! É o meu projeto de doutorado, o sequenciamento do genoma do mexilhão dourado, que está no site Catarse para um financiamento colaborativo!




Dê uma olhada no vídeo do site! Só leva 4 minutinhos! http://catarse.me/pt/genoma





A ideia deste Crowdfunding (que significa 'financiamento colaborativo') surgiu há mais ou menos 4 meses: no nosso lab sempre discutimos formas de popularizar a ciência! Formas de mostra a você, que não é cientista, o quanto nossos estudos são legais e IMPORTANTES!

É corriqueiro observar o paradoxo da sociedade atual: todos os aparelhos e  objetos que você usa diariamente (seu celular, pílula anticoncepcional, carro, chuveiro elétrico, computadores, Ipads, Itudo, embalagens ecologicamente corretas..) são produtos científicos!! Mas, ao mesmo tempo, passamos a vida achando que o cientista é aquele que fica lááá na Universidade longe da gente...

Foi para explicar o que fazemos e permitir a você fazer ciência conosco que lançamos esse Crowdfunding!! Se você fizer uma doação em dinheiro para esse projeto a partir de R$20, vai estar participando DIRETAMENTE dos estudos do combate a invasão do mexilhão dourado, que está beirando águas amazônicas (acesse o site para detalhes http://catarse.me/pt/genoma!! E pode escrever pra mim se tiver alguma dúvida! marcela.uliano@biof.ufrj.br). 

Sinceramente, a oportunidade de participar de um Crowdfunding científico é quase como votar: você PODE escolher participar ativamente desta nossa proposta a favor da biodiversidade amazônica!

MUITAS pessoas já se envolveram nesse projeto e estão colaborando conosco! Nos últimos dias alguns cientistas da computação se voluntariaram para nos ajudar com os desafios computacionais que vamos enfrentar quando estivermos montando o genoma... isso não é demais?? Você também não quer fazer parte deste estudo conosco?? Contribua no site!!

Se você já leu argumentos suficientes para colaborar conosco, você pode parar de ler esse post agora e entrar no site para se cadastrar! Mas eu queria, para finalizar, responder uma última questão que surge recorrentemente entre os colaboradores, e que pode ser também a sua!

SE ESSE PROJETO É TÃO IMPORTANTE, POR QUE O GOVERNO FEDERAL NÃO FINANCIA?

Resposta: Ele faz isso!!! Por exemplo, durante meu mestrado, fomos contemplados com o edital Universal do CNPq para sequenciar o transcriptoma do mexilhão dourado! A grande questão é que sequenciar um genoma inteiro custa muito dinheiro! Alééém disso, como pensamos que a preservação da biodiversidade amazônica é de interesse de todos os brasileiros (e seres humanos do mundo todo!), pensamos que você também deveria ter a oportunidade de participar ativamente deste trabalho!!

Quando qualquer outra dúvida surgir, escreva pra gente! Estaremos empolgados e felizes esperando para te responder!! E não esqueça de divulgar o projeto no seu facebook e por e-mail para seus amigos! Os cientistas do Lab BioMA, e a biodiversidade aquática brasileira, agradecem! ;-) 




segunda-feira, 8 de abril de 2013

Estude filosofia!

Este blog tem, essencialmente, o intuito de fazer divulgação científica. De pegar toda aquela informação pesada anunciada por especialistas das diversas áreas, principalmente das biológicas, digeri-la e apresentá-la a você que não é cientista - e que não tem a obrigação de conhecer todos os termos e métodos - mas se interessa! No entanto, como a blogueira aqui acredita ser a ciência, mais do que um corpo de conhecimento, um modo de pensar a vida, vez ou outra os textos vêm carregados de opiniões políticas e filosóficas!

Hoje não tenho a intenção de escrever muita coisa. Estou na correria terminando de escrever um artigo interessante sobre o mexilhão dourado! (Postarei os resultados aqui quando ele estiver prontinho!) Só queria compartilhar um lindo poema de Afonso Romano de Sant'anna que reli hoje, e, se eu tiver esse direito, incentivar as pessoas a estudar um pouquinho filosofia! 

Você sabia que a origem do pensamento ocidental, as regras básicas que regem nossa sociedade atual, começaram a ser construídas na Grécia antiga? Primeiramente elas eram passadas de boca em boca, pelos homens, através dos cantos. Depois vieram as histórias, tragédias e epopéias, que começaram, então, a serem fixadas (escritas em pergaminhos). Quando você usa a expressão "tive uma briga homérica" está se referindo ao escritor de Ilíada e Odisseia, Homero! Usamos essa expressão porque Homero era o rei dos grandes dramalhões gregos! 

Diversos filósofos gregos tentaram, nas diversas épocas, explicar o mundo que os cercava, sempre de acordo com o conhecimento que eles possuíam no momento: os atomistas, Platão, Aristóteles e etc... Estudar filosofia é legal porque a gente passa a entender que todos os comportamentos da nossa sociedade tiveram origem em algum lugar: em algum momento um certo homem, tão imperfeito como eu e você, tentou explicar como funcionava a vida, a sociedade, a existência de deus e criou algum conceito. Depois de um tempo, veio e outro e falou "dã, nada a ver isso! Agora a gente pensa assim assado.." (Claro! As coisas não aconteceram necessariamente nesta mesma ordem, não sem um influenciar o outro, não de uma hora para a outra.. BUT, simplificadamente, podemos colocar dessa forma!)

O que a história da filosofia nos mostra, então? Que devemos ser mais humildes. Principalmente no que diz respeito ao que consideramos certo ou errado para nós, e para as pessoas que nos cercam! Na Grécia antiga, por exemplo, as mulheres não podiam votar, nem opinar e nem eram o principal objeto de desejo dos homens! Eles preferiam se relacionar com outros homens!

O estudo da filosofia é um caminho sem volta, sem retorno. Não é possível voltar e fechar a cabeça, depois que você a abriu para outros mundos!Como disse minha amiga Júlia Back no texto de abertura do seu blog (este aqui): "... a superfície (de todas as coisas) é um tédio. O valor de cada informação se multiplica progressivamente quando você se aprofunda nelas. Eu acredito nisso. As coisas obviamente são mais gostosas quando é você mesmo quem mastiga".

Estude filosofia! Se você realmente não tem base alguma, o livro 'O mundo de Sofia' vai te ajudar! Fica a dica! 

Eis o poema de Sant'Anna! 

“ Como voltar? Depois de Itaca, das sereias, dos ciclopes, de tanto assombro, de tanto sangue na espada 
Como voltar? Se aquele que partiu, partiu-se e voltará com os fragmentos do excesso?
Não há retorno. Há outra viagem diariamente urdida dentro da viagem antiga.
Embora o caminho da volta seja percorrido, ninguém retorna.
Apenas volta a viajar no espaço anterior estranhamente familiar.
Como se o regresso fosse acréscimo e o viajante descobrisse que é atrás que está a fonte e na alvorada o horizonte.
Não há retorno. Há o contorno do próprio eixo, o tempestuoso périplo do ego, um diálogo de ecos como quem tenta encaixar diferentes rostos no mesmo espelho.
Por isto, o retorno inelutável é perigoso, exige mais perícia que na partida. Mais destreza que nos conflitos pois o risco é naufragar exatamente quando chegar ao porto.”

Affonso Romano de Sant’anna




terça-feira, 2 de abril de 2013

Um encontro com o mexilhão dourado!


Neste final de semana deixei o Rio de Janeiro e fui dar um passeio em Porto Alegre. Eu estava à procura do mexilhão dourado, Limnoperna fortunei, organismo objeto de minha pesquisa de doutorado.  Lá no sul, não foi difícil encontrá-lo!




Durante minha busca conheci o senhor França, por coincidência, um catarinense criciumense mas que vive há anos no Rio Grande do Sul e trabalha como pescador no delta do Rio Jacuí. Além da ajuda inestimável durante a coleta, o simpático França me contou dos problemas que o mexilhão dourado causa para os pescadores da região: é incrustação danificando barcos e materiais de pesca o ano todo! E o seu França está certo: estimativas afirmam que os gastos anuais devido aos danos causados no sul do Brasil unicamente por causa deste bivalve podem chegar a R$1 milhão! 

Meu projeto de doutorado, que desenvolvo no Laboratório de Biologia Molecular Ambiental (BioMA) do Instituto de Biofísica (IBFFC) da UFRJ, envolve o sequenciamento do genoma deste mexilhão. Você nunca ouviu falar dele? Há um outro texto deste blog, este aqui, que conta um pouquinho mais da história deste bivalve invasor.

A ideia é entender, a partir da montagem do genoma, quais características adaptativas facilitam o sucesso desta espécie como uma invasora tão eficiente!

O mexilhão dourado é chamado de “engenheiro de ecossistemas”, pois ele transforma os novos locais onde é introduzido, via de regra causando uma homogeneização do local, ou diminuição da biodiversidade. E nós não queremos isso, né? Nós achamos que quanto mais diverso e diferente melhor, certo?

Este mexilhão ainda não está presente em águas amazônicas, e meu projeto de doutorado faz parte de uma iniciativa maior para não deixar que ele chegue até lá! Nos próximos dias, você vai saber, através deste blog, de qual maneira poderá nos ajudar nesta empreitada pela manutenção da biodiversidade amazônica! Fique de olho!