domingo, 7 de dezembro de 2014

Histórias Cruzadas

Ontem a noite assisti um filme muito bonito e intenso, embora seja uma pena que a arte tenha que contar histórias tristes como as do filme Histórias Cruzadas (The Help). 


O filme narra a história de algumas empregadas domésticas na década de 1960, em um dos estados mais preconceituosos dos Estados Unidos na época, o Mississipi.

Não sei se durante a minha navegação pelo Netflix, fui induzida a escolher esse filme por causa do livro que estou lendo, chamado 'Eternidade Por Um Fio', o último livro da trilogia 'O Século' de Ken Follet, que conta, em forma de romance, alguns dos eventos políticos mais importantes do século XX. Esse último livro fala muito sobre a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos da década de 1960, e dos assassinatos de John F. Kennedy (em 1963) e Martin Luther King (1968) por opositores racistas. Quando olhamos em retrospectiva para esses eventos históricos, geralmente acabamos concluindo: que absurdo! Os assassinatos, o separatismo entre brancos e negros da década de 1960, a violência contra os negros.

Eu também acho um absurdo. E uma das coisas que mais me orgulho é de trabalhar no campo da genômica, e poder falar de boca cheia que a ciência já mostrou que a partir dos nossos genomas, não podemos ser separados por raças: que somos todos potencialmente iguais. (Já escrevi mais de uma vez sobre isso, aqui e aqui.)

Mas a reflexão que gostaria de trazer aqui vai além do absurdo.

Quem me conhece sabe que sou bastante interessada pela história do século XX. Embora esse século tenha sido marcado por muito sofrimento, ele também foi marcado por muita superação, por mudanças, como a emancipação e revolução feminina que começou na década de 1920 com a Primeira Guerra Mundial. E é isso que me fascina na história desse século.

Mas sempre que eu reflito sobre esses momentos de sofrimento e mudança do século XX, fico pensando no tipo de pessoa que eu seria se tivesse vivido em algum desses momentos cruciais. Novamente: olhando em retrospectiva, é muito fácil considerarmos um absurdo a ausência do voto feminino, ou a separação de banheiros entre negros e brancos, o extermínio de pessoas de acordo com sua etnia ou religião. Mas e se tivéssemos vivido aquele momento, quem nós seríamos? Como nós agiríamos?

Gosto sempre de pensar que eu seria tão forte quanto àquela primeira mulher que saiu na rua usando uma calça jeans, ou a primeira mãe solteira. Ou o primeiro grupo de homossexuais que decidiu lutar pelos seus direitos. 

Mas, se tem algo de concretos que podemos saber nessa vida, é que os "se" não existem. O que eu teria sido se tivesse nascido em qualquer outro momento histórico eu não tenho como saber.

Mas tem uma coisa que eu sei: que nesse momento presente eu tenho a potencialidade para ser qualquer pessoa que eu escolher ser. 

Não deixemos que os grandes absurdos já superados do passado, camuflem os absurdos do momento presente: a desigualdade da distribuição de renda e recursos, o trabalho escravo ainda existente, a desigualdade de gênero massacrante camuflada na frase já foi muito pior, o racismo e a homofobia. A utilização dos recursos naturais de forma insustentável. 

E aí, 

Quem temos escolhido ser?

Juro que eu não tenho nem a resposta nem qualquer fórmula perfeita. Muito pelo contrário. Só quis trazer à tona a pulga que ficou atrás da minha orelha...




quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Quick note about species diversity and citizen science


I just read a very interesting, and polemic, paper from Science on the species richness, cataloging and extinction rates topics.

Apart from all the difficulty in measuring accurately if it's possible (or not) to describe all the species in the world, what are the real rates of extinction and what to do to improve both scenarios, one thing is certain: the public participation in the process of discovery is vital. I agree with Costello at all on that. They wisely say:

"...If each species is considered a book of knowledge for which we lack a title page, then we need to catalog 0.5 to 6.5 million more books. Ten times more books are already in the U.S. Library of Congress, and each book may have taken as much or more effort to produce as one species description. But many people write books, not just those who are employed to do so. Opening up taxonomic literature to the public, as is already the case for birds [e.g., (47)], mammals, fish, flowering plants, butterflies, and some other invertebrates, will help more people study and discover species (Table 1). Already, half of all new species of European animals, including the less charismatic species, are being described by amateurs (48). The increasing accessibility of information through the Internet and mobile telephones is already providing new opportunities to aid species identification...." From here


I'm happy that everyday more and more scientists are acknowledging the need for the public participation in science.

I'm off to read more papers, because I have my doubts about these estimates they present in number of species and so on... Important topic.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Papa é pop

Além dos discursos super ponderados e embasados (em nada?) sobre as eleições presidências brasileiras, hoje não se falava em outra coisa nas redes sociais a não ser na declaração do Papa chicano de que a teoria da evolução das espécies e do Big Bang são corretas.

Deixando de lado os vários problemas relacionados ao "agora pode", "agora não pode" da igreja (e de qualquer instituição que baseie suas afirmações em fé, e não em evidências), vou entrar no que mais me incomoda nessa história toda: eu fico me perguntando o que as pessoas realmente entendem por teoria da evolução

Segundo o site do Globo, o Papa teria afirmado que "... Deus criou os seres humanos e deixou que eles se desenvolvessem de acordo com as leis internas que ele deu a cada um para que eles cheguem ao seu cumprimento...". 

Com essa afirmação, Francisco não me parece estar aceitando o que a teoria (que é tão real e baseada em evidências quanto a teoria gravitacional) de fato sugere: que as espécies evoluem de acordo com a seleção natural, e que esse é um processo não planejado, ao acaso. E constante.

Todos nós descendemos de um ancestral comum, e o DNA como material genético de TODAS as espécies, desde bactérias até o homem, está aí para provar isso. Além disso, as espécies habitantes da Terra não foram sempre as mesmas; as espécies derivam, evoluem. Mais ou menos assim: existe a diversidade gênica (e o sexo tem grande papel nisso!) e então a influência de fatores ambientais, que ajuda a fixar ou eliminar genes (os genes vantajosos ou desvantajosos) criando assim a diversidade, que pode levar a um evento de especiação; a criação de uma nova espécie. Infelizmente não conseguimos acompanhar esse processo durante o nosso tempo de vida porque ele leva milhares de gerações para acontecer.

No entanto, precisamos tirar uma conclusão básica a partir das evidências da teoria da evolução: se as espécies na Terra não foram sempre as mesmas, se elas evoluem constantemente, e se o homem é uma dessas espécies, então o ser humano não é o ponto máximo da evolução. 

Ainda estamos mudando. E estaremos sempre.

Tendemos a utilizar a palavra evoluir com um sentido positivo; como se algum ser (ou pessoa, ou crença, ou raça, ou sistema educacional) mais evoluído fosse algo melhor. E é por isso que eu gosto tanto da expressão derivar. Porque um organismos mais derivado (ou evoluído), nada mais é do que uma espécie mais recente do que um(s) ancestral(is) a ela na árvore da vida. Isso significa que ela passou por mais passos evolutivos do que a outra espécie, mas não que é uma espécie melhor. É bem provável que a espécia mais derivada seja mais bem adaptada ao meio naquele momento, mas isso não significa que seja melhor. Muitas vezes, derivar (ou evoluir) significa perder algumas características (como asas, e assim a habilidade de voar para algumas espécies), e estamos sempre acostumados a associar a evolução com organismos complexos, cheios de diferentes órgãos. Organismos mais evoluídos podem ser mais simples do que os seus antepassados.

Nesse sentido, se entendemos que a evolução é a 'derivação' e 'melhor adaptação ao ambiente e tempo em que vivem', e não significa ser melhor, então temos que concluir que todas as espécies presentes no Planeta Terra hoje têm o mesmo sucesso evolutivo que os seres humanos. São tão bem adaptadas ao momento quanto ele; elas estão vivas agora!

Ou pelo menos por enquanto.

Gastei um momento para escrever esse texto porque acho que as pessoas não se dão conta do que isso realmente significa. Aceitar a teoria da evolução não significa dizer que as espécies evoluíram devagar de seres primitivos aos seres humanos. Aceitar a teoria da evolução significa entender que somos apenas mais um galho da árvore da vida, e que ainda podemos derivar para uma espécie mais extraordinária no futuro. Isso deveria nos dar um sentimento de extrema humildade (que é dificilmente o que vemos os seres humanos fazendo por aí). 

Por mais que o papa, ou qualquer outro líder, afirme que a evolução das espécies é legítima, tenho a forte impressão de que verdadeiramente, ninguém ainda se deu conta do real significado disso. Porque se tivéssemos nos dado conta, não seríamos tão egoístas no trato com todas as outras espécies presentes no Planeta Terra. 

É chegado o tempo de pararmos de abusar da diversidade (consumo excessivo de derivados animais, desmatamento, esgoto não-tratado, para citar só alguns). E agora com a benção do papa. 



Mais em teoria da evolução aqui

domingo, 14 de setembro de 2014

O que é o programa TED Fellows?

Depois de ver a expressão de dúvida no rosto de vários amigos quando contei a novidade, resolvi escrever uma nota explicativa sobre minha entrada como membro da comunidade de TED Fellows, que me garantiu uma talk de 5 minutos durante o próximo TED Global, que vai acontecer no Rio de Janeiro de 5 a 11 de outubro.

Mas afinal, o que é a comunidade dos TED Fellows?

Pela própria descrição do site, o TED Fellows é uma rede de colaboração interdisciplinar para jovens inovadores. O seu trabalho tem um impacto positivo no mundo? Visa a coletividade? Então você pode aplicar para ser um TED Fellow! A ideia é que essa rede de contatos permita que o seu trabalho tenha um impacto ainda mais efetivo, a partir da divulgação e do contato com pessoas que possam fortalecê-lo. 

Todos os anos, as conferências TED trazem palestras inspiradoras de profissionais das mais variadas áeas. A missão do TED, organização sem fins lucrativos, é divulgar boas ideias, geralmente sob a forma de palestras curtas (18 minutos ou menos). O TED surgiu primeiramente como uma conferência unicamente sobre tecnologia, entretenimento e design, daí a sigla. No entanto, atualmente abrange quase todos os tópicos - desde ciência, assuntos empresariais, até questões globais - em mais de 100 línguas diferentes. 

Tenho certeza de que você, alguma vez na sua vida, já assistiu a uma  TED talk, certo? 

Ainda não?? Então o que você está fazendo com a sua vida? Pare de ler esse texto imediatamente e vá logo assistir alguma.

Quer umas dicas? É tão difícil! Tem muita coisa boa lá. Mas tudo bem, posso tentar:

Zak Ebrahim: http://goo.gl/ThBq15 
Brené Brown: http://goo.gl/ep45zM
Ken Robinson: http://goo.gl/YYuF5z
Mary Roach: http://goo.gl/EbMihg

Dentro dessa iniciativa, estão os TED Fellows. Durante as conferências (TED e TEDGlobal), além das palestras de 18 minutos dos TED speakers, são apresentadas palestras curtas (4-5 minutos) pelos TED Fellows falando sobre o seu trabalho. Muitas delas estão disponíveis no site do TED e você pode acessar aqui.

Minha entrada na comunidade dos TED Fellows se relaciona ao meu trabalho de doutorado; o sequenciamento do genoma do mexilhão dourado, espécie invasora que tem causado sérios danos ambientais e econômicos na América do Sul. Nunca ouviu falar desse projeto? Esse vídeo pode te ajudar.

Vou contar no TED um pouco da nossa jornada para sequenciar o genoma dessa espécie, e sobre nossa busca por estratégias biotecnológicas de controle dessa praga, a partir das dicas que o perfil molecular da espécie, o seu genome, está nos trazendo. Esse trabalho eu obviamente não desenvolvo sozinha. Além dos pilares fundamentais, meu orientador Dr. Mauro Rebelo, e co-orientador Dr. Francisco Prosdocimi, há mais pesquisadores envolvidos, e pelo menos mais 361 financiadores

Conheça o time dos 20 TED Fellows de 2014, que tem 3 brasileiros.




 Se você morresse hoje, que falta faria para o mundo?

...

As inscrições para concorrer a uma vaga para ser TED Fellow 2015 estão abertas. Corre lá! http://fellowsblog.ted.com/2014/08/25/apply-to-be-a-ted2015-ted-fellow


Mais sobre os TED Fellows: http://papodehomem.com.br/como-se-juntar-a-rede-ted/




sábado, 26 de julho de 2014

Biodiversidade: minha macarronada de cada dia! / Biodiversity: my everyday pasta!

HEY FOREING FRIEND! YOU CAN FIND A ENGLISH VERSION OF THIS TEXT JUST BELOW THIS PORTUGUESE ONE!!

Com certeza você já deve ter ouvido isso também: dizem por aí que nosso futuro é viver dentro de um computador. Que poderemos fazer tudo no mundo virtual, nossos corpos serão desnecessários.

Será esse o nosso futuro?

Bom, eu adoro computadores. A evolução das memórias RAM, fazendo com que os computadores processem dados numa velocidade inimaginável, é o que permite eu fazer o meu trabalho: montar o genoma do Mexilhão Dourado. Se viver dentro de um computador pode, ou não, ser o nosso futuro, não posso garantir. Mas se tem algo que posso afirmar, observando o andar da carruagem (com isso eu quero dizer: observando as evidências científicas), é que independente de qual pareça ser o futuro da espécie humana; não vamos chegar lá. Não vai dar tempo.

A edição especial publicada ontem na revista Science (Vol 345, #6195) chama-se Vanishing Fauna, e discute a crescente extinção de espécies causada pelo chamado 'Antropoceno'. 



O Antropoceno é a era geológica do homem. Atualmente vivemos no Holoceno, que começou por volta de 12 mil anos, após as últimas glaciações. No entanto, o impacto da humanidade no Planeta Terra é tão grande que se discute hoje uma época geológica própria para nós. A grande questão é que esses impactos estão diminuindo muito a riqueza da diversidade ao nosso redor.

Extinções em massa são fenômenos naturais. É verdade. Mas pelo conhecimento que temos, essa parece ser a primeira vez que uma única espécie animal é responsável pelo fenômeno. 

Se você quiser detalhes, aqui está um dos artigos da Science de ontem. Clique aqui.

Na minha opinião, o primeiro motivo pelo qual deveríamos pensar melhor em como manipular os recursos ao nosso redor seria por respeito a todas as espécies viventes na Terra. Dividimos todos o mesmo código genético, viemos todos do mesmo lugar, viemos do mesmo ancestral comum. Manipulando ferramentas ou construindo ninhos em árvores, todas as espécies vivas hoje em dia tiveram o mesmo sucesso. Embora com estratégias evolutivas diferentes, chegamos todos até aqui. Merecemos respeito.

 Mas tudo bem, digamos que você não se importe com essa "coisa de diversidade" e plantinhas bonitas. Então eu te digo: se você quiser ver o ser humano derivar (o comumente chamado de "evoluir"), se quiser ver a era dos seres humanos em computadores, vai ter que ajudar a diminuir o ritmo dessas extinções. Porque você pode ter certeza: vamos ficar sem comida.

ENGLISH VERSION

Surely you have already heard it too: they say that our future is to live inside a computer. That we will do everything in the virtual world, that our bodies will be unnecessary.

Is that our future?

Well, I love computers. The evolution of RAM memory, making computers able to process data in an unimaginable speed, is what allows me to do my job: to assemble the genome of the Golden Mussel. If to live inside a computer could or not be our future, I can not guarantee. But if there's anything I can say, looking at the scientific evidence these days, is that regardless of what seems to be the future of the mankind; we will not get there. We won't have time enough.

The special edition published yesterday in the journal Science (Vol. 345, # 6195) called Vanishing Fauna, discusses the growing extinction of species caused by the so-called 'Anthropocene'.

The Anthropocene is the geological age of man. We currently live in the Holocene, which began around 12,000 years after the last glaciation. However, the impact of humanity on planet Earth is so big that today its discussed a geological time only for us. The great concern is that these impacts are so great that they are reducing the rich diversity around us.

Mass extinctions are natural phenomena. It's true. But what the evidence shows is that this seems to be the first time that a single species is the one responsible for the phenomenon.

If you want details, here is one of the Science papers from yesterday. Click here.

In my opinion, the first reason why we should think about how to handle the resources around us would be out of respect for all living species on Earth. We all share the same genetic code, we all come from the same place, we share the same ancestor. It doesn't matter if it is manipulating tools or building nests in trees: all living species today had the same evolutionary success. Although with different evolutionary strategies, we all got here. We all deserve respect.

 But okay, let's say you do not care about this "biodiversity thing". So I tell you: if you want to see humans evolve to something new, if you want to see the era of humans inside computers, you have to help lessen the pace of extinctions. Because you can be sure: we will run out of food.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O futebol pode ser mais que pão e circo / Football can be more



HEY FOREING FRIEND! YOU CAN FIND A ENGLISH VERSION OF THIS TEXT JUST BELOW THIS PORTUGUESE ONE!!

O ‘homem das cavernas’ ainda vive em nós. Preocupado com a sua sobrevivência num mundo selvagem, nos primórdios da humanidade, o ser humano se comportava de forma violenta e competitiva. No entanto, nossa composição biológica nos garantiu muita matéria prima a ser desenvolvida: com o passar do tempo fomos criando novas conexões neurais, aprendemos a usar ferramentas, aprendemos a ensinar e desenvolvemos as línguas, as culturas, as filosofias.

O mundo cultural que criamos é maravilhoso: mesmo sendo apenas uma pontinha do universo, conseguimos enxergar ao nosso redor, somos conscientes da nossa presença no Planeta Terra e até exploramos outras galáxias. Também criamos a agricultura e a medicina, e com isso aumentamos exponencialmente nossa população na Terra, e também aumentamos nossa longevidade. No entanto, old habits die hard* e ainda somos uma espécie muito competitiva.

Se quisermos manter nossa cultura, nosso lado mais humano e social, teremos que usar os esportes como nosso campo de batalha: enquanto sustentamos uma camisa e damos nossos gritos de apoio, extravasamos nossa necessidade de competidores! Sorrimos, cantamos!

Fora do campo esportivo, meu amigo, se você for preconceituoso, você está fora de moda. E bem desinformado. Pois a ciência já mostrou por A + B que somos todos, todinhos, iguais uns aos outros. Nossos genomas são 99% idênticos: brasileiros, argentinos e alemães.

E palestinos e judeus.

Nesse momento, no Oriente Médio, há uma grave crise internacional: Israel bombardeia a Faixa de Gaza, afirmando que os palestinos (na verdade, é só o grupo extremista Hamas) sequestraram e mataram 3 adolescentes israelenses. Os palestinos revidam. Eles não conseguem se entender. A briga entre israelenses e palestinos já dura décadas, e é marcada por intolerância religiosa e violência.

Mas também pela presença de muita gente perseverante que trabalha para mudar esse quadro. Meu amigo Aziz Abu Sarah, explorer da National Geographic e apaixonado por futebol, veio ao Brasil apreciar a copa do mundo e também aprender um pouco sobre a nossa cultura. Algum tempo atrás, Aziz promoveu um encontro no Oriente Médio entre crianças judias e palestinas, e os colocou para jogar uma pelada. Clique aqui e confira. 

Sensacional, não é mesmo? A brincadeira, o futebol, colocaram todos eles em pé de igualdade. 



E por que é que as pessoas se brigam mesmo? Eu gosto mesmo é de futebol! Podemos jogar juntos de novo na semana que vem?

Consideração final: Esse texto não teve a intenção de isentar o futebol brasileiro de seus problemas, nem de chamar a FIFA de empresa mais filantrópica do universo. Aqui não é nem sobre a FIFA, nem a CBF, ambas entidades que necessitam de reformas urgentes! Esse texto quis falar sobre tolerância. Quis falar que, o único jeito de nos tornarmos realmente aquele bichinho civilizado que tanto dizemos que somos (mas que na verdade ainda não somos), é deixando nossa violência e competitividade de lado. Não conseguimos? É biológico? Que o esporte seja nossa válvula de escape! 

Uma banana pra você, Argentina!


Para entender mais sobre o conflito Israel e Palestina, veja a série Conflict Zone do Aziz, são apenas 4 vídeos de oito minutos cada. Clique aqui.

* hábitos antigos custam a morrer.

The 'caveman' still lives in us. Worried about their survival in the wild, at the beginnings of mankind, humans behaved violently and competitively. However, our biological makeup assured us a lot of raw material to be developed: in the course of time we were creating new neural connections, learning how to use tools, learning to teach and so, we developed the languages​​, cultures, philosophies.

The cultural world men has created and where we live in now is wonderful: even though being only organized star dust and a small fraction of the universe, men has the ability to look and see their surroundings; we are aware of our presence in the universe and we have even explored other galaxies. We also created agriculture and medicine that exponentially increased our population on earth, and also increased our longevity. However, old habits die hard and we are still a very competitive species.

If we want to maintain our culture, our most human and social side, we have to use sports as our battlefield: while holding a shirt and supporting the players of our team, we release a lot of energy. There, in the sports fields, we can compete. And at the end, we go home smiling or shouting, but our differences end there.

Outside the sports field, my friend, if you are prejudiced, you are out of fashion. And just uninformed. Because science has shown that we are all equals: our genomes are 99% identical; Brazilians, Argentines or Germans.

And Palestinians and Jews.

Right now, in the Middle East, there is a serious international crisis: Israel is bombing Gaza, claiming that Palestinians (in fact, just the extremist group Hamas) kidnapped and killed three Israeli teenagers. Palestinians retaliated. They can’t get along. The fight between Israelis and Palestinians has lasted decades, and is marked by religious intolerance and violence.

But also by the presence of much persevering people working to change that. My friend Aziz Abu Sarah, a National Geographic explorer and passionate about football, he came to Brazil to enjoy the world cup and also to learn a bit about our culture. Some time ago, Aziz has held a meeting between Jewish and Palestinian children in the Middle East, and put them to play football. Click here and check.

Amazing, right? When the football started they were all equals.


Final consideration: This text didn’t have the intention to say Brazilian and international football are not marked by serious problems. They are. This text is not about CBF neither FIFA, both institutions that really need urgent reforms. These words wanted to talk about tolerance and hope. If humans really want to be that ‘civilized species’ as they like to call themselves, we have to leave this world of violence and competition aside. We can’t? You say it’s biological? Ok: let use the sports fields as our stage of competition!

Speacking of that: try again in for years, Argentina!!


To understand more about the Israeli-Palestinian conflict, see the Conflict Zone by Aziz series, four 8-minutes videos. Click here.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dois dedos e um pouco de gelo num pequeno trago filosófico


Até que ponto o homem está fadado a ser produto de sua época?


Essa é ou não é uma das perguntas mais relevantes da contemporaneidade? Via de regra, quando observo o comportamento das pessoas em um mundo onde a informação está cada dia mais acessível, noto que mesmo assim, a maior parte delas (ou de nós) se comporta de acordo com valores e preceitos apreendidos dos pais e familiares sem muito questionamento. Mas de onde tais regras e valores surgiram? Já parou pra pensar nisso?

Bertrand Russel, em História do Pensamento Ocidental (R$ 16,00 a versão Saraiva de Bolso) levanta a questão que abre esse texto quando conta a história de Boécio, “notável pensador, de quem vida e obra apresentam agudo contraste com a decadência geral da civilização da época”.

A tal época a qual Russel se refere é a Idade Média, período em que a filosofia estava confinada aos clérigos, onde o pensamento da Antiguidade, dos filósofos gregos, havia momentaneamente desaparecido do meio dos homens comuns.
Figura: obra filosófica de Boécio, pensador que viveu por volta do ano 500 d.c., em Roma. Embora fosse cristão, como a maioria das pessoas da época, seu cristianismo parecia não passar de nominal, uma vez que seu pensamento e obra sofreram mais influência dos pensadores gregos do que das especulações teológicas dos Padres.

A Boécio são conferidas as mais antigas traduções latinas dos escritos de Aristóteles. Sua principal obra filosófica chama-se Consolação da filosofia, que apresenta visões de deus e do pecado nem um pouco ortodoxas e muito livres da teologia cristã. Os pensamentos de Boécio em Consolação remontam muito a Sócrates e Platão. *

*A filosofia socrática é baseada toda no desinteresse pelos bens terrenos; o seu maior interesse é na busca da virtude. O importante precisamente é que devemos tentar a busca do conhecimento, e embora Sócrates sempre afirmasse que nada sabia, não achava que a busca do conhecimento estava fora do alcance dos homens. Sócrates sustentava que o que fazia um homem pecar era a falta de conhecimento. Se soubesse, não pecaria. A causa dominante do mau era, portanto, a ignorância. Assim, para se alcançar o bem é preciso ter conhecimento. Logo, o Bem é conhecimento. Os pensamentos de Boécio, escritos durante a Idade Média, seguem uma linha parecida.

Boécio sustentava tais convicções em uma era onde os tratados filosóficos da Antiguidade grega estavam quase perdidos e a superstição e misticismo religiosos dominavam as pessoas a tal ponto que só restava a pena de morte como herege para quem não partilhasse dos ideais cristãos. 

E num mundo cheio de dificuldades para o livre-pensar, Boécio recusou-se a ser um completo produto de sua época.

Resta a pergunta: e nós, somos Boécios? Ou alguma outra coisa?

Com essa questão, não estou querendo descredibilizar as convicções e os valores de cada um. Mas gostaria de chamar para a reflexão. Por exemplo: você já parou pra pensar de onde vem a sua noção de o que represente uma família? E as suas condutas de vida: casar ou não, ter filhos ou não, um trabalho estável ou sair pelo mundo viajando. Já pensou sobre elas? De onde a organização social na qual vivemos surgiu? E mais, será esta a única forma de organização social possível? O que você quer é realmente o seu desejo? O que você acredita foi o que você tomou como verdade pra si depois de observar várias verdades diferentes? Ou é apenas o que a maioria têm como verdade?


Indago isso porque as vezes considero que, mesmo num mundo cheio de informação e liberdade, as pessoas ainda são cheias de superstições e preconceitos (como ser humano que aprende, também não me excluo dessa história). Na verdade, de repente é o excesso de informação o problemático: tem tanta coisa pra se ler e aprender que ninguém mais sabe por onde começar!


Mas por algum lugar devemos iniciar essa jornada! A disponibilidade de informação livre e acessível (na internet, por exemplo) é uma riqueza sem precedentes. E estar vivo nesse momento também é! Sócrates dizia que uma vida não analisada não valia a pena ser vivida. Tendo a concordar 100% com ele nessa afirmação. E como escreveu minha melhor amiga há algum tempo "a superfície (de todas as coisas) é um tédio. O valor de cada informação se multiplica progressivamente quando você se aprofunda nelas. Eu acredito nisso. As coisas obviamente são mais gostosas quando é você mesmo quem mastiga".

Acho que vale a pena você dar ouvidos àquela pulga que está atrás da sua orelha, nem que seja pra se maravilhar e dar risadas por alguns minutos com realidades nunca antes imaginadas e investigadas.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Determinismo biológico: há muito mais entre olhos azuis e castanhos do que codifica o seu vã DNA.

Essa semana estou cursando uma disciplina interessante aqui no Instituto de Biofísica da UFRJ. É sobre epigenética e está sendo ministrada pelo professor Marcelo Bento Soares, um dos poucos brasileiros a estar envolvido com o sequenciamento da primeira versão do genoma humano. 
Mas o que é epigenética e o que ela tem a ver com determinismo biológico? 

Já vou explicar.

Epigenética é um tópico fascinante! Tenho certeza que você já ouviu falar que o código genético, nosso DNA, determina nossas características e é uma junção de 50% de DNA do pai com 50% de DNA da mãe. Certo? Pois bem. Uma vez que tudo está escrito lá nos genes e somos uma união meio a meio entre o DNA de nosso pai e de nossa mãe, isso significa dizer que desde que nossa mãe escolheu mergir o DNA dela com o do nosso pai (fornicação!!!), ela determinou nossa constituição futura, certo?

Errado.

Muito se sabe hoje em dia sobre a relação entre estilo de vida, saúde e bem estar. Se o DNA fosse o único determinante de nossa saúde ou doença, pessoas que tivessem genes para o desenvolvimento de certos cânceres SEMPRE apresentariam esse quadro, e esse seu perfil molecular não poderia ser chamada de predisposição genética, mas sim de destino genético. Mas por que algumas pessoas desenvolvem os cânceres e outras não? Por que é uma predisposição e não uma determinante genética? Dentre as respostas, uma delas é a nossa herança epigenética.

Epigenética é toda uma série de padrões moleculares também herdáveis, mas que não representa mudanças diretas na sequência de letrinhas do DNA. Calma, vou explicar melhor. Imagine que o DNA seja uma longa fita métrica. Agora imagine alguns cliques fixados em diferente locais dessa fita métrica. Assim como quando prendem papéis, os cliques podem ser colocados e tirados da fita métrica sem danificá-la. Assim também é nossa herança epigenética. Biologicamente falando, as heranças epigenéticas mais conhecidas envolvem a metilação de algumas regiões do genoma, chamadas ilhas CpG, ou modificações de proteínas histonas. Essas modificações bioquímicas são reversíveis: os clipes podem ser colocados e tirados de acordo com nossos hábitos de vida. E pra finalizar, herdamos o posicionamento dos clipes no DNA presente nos espermatozóides e óvulos dos nossos pais.



Figura 1: A herança epigenética seria como clipes em uma fita métrica (que representaria o DNA). Ao longo do desenvolvimento e da vida esses clipes podem ser posicionados em diferentes lugares da fita, sem alterar o código expresso por ela. Os clipes presentes no DNA das células reprodutivas dos nossos pais biológicos serão herdados por nós. 


Esses clipes em locais diferentes, se presentes ou não, irão influenciar na expressão de diferentes genes e também na estabilidade do DNA. As modificações no padrão epigenético influenciam uma série de questões que vão desde obesidade até comportamento agressivo ou violento.

Um estudo fascinante publicado na Nature Neurosciences em 2004 mostrou a relação entre o comportamento afetivo de camundongos fêmea com os futuros comportamentos de seus filhotes.

Os filhotes que eram bem tratados na primeira semana de vida (licking and grooming behavior) apresentavam uma vida adulta muito menos estressada, e também tratavam bem seus futuros filhotes. Os filhotes que, por outro lado, não eram bem tratados na infância eram mais susceptíveis a estresses e não tratavam bem seus filhotes futuros. Tudo isso estava relacionado a metilação (padrão epigenético) de uma parte do genoma que promove a expressão de um gene ligado a estresse, chamado GR (receptor glucocorticóide).

Resumindo: o comportamento positivo da fêmea influenciava positivamente o futuro dos seus filhotes. Do mesmo modo que filhotes que não eram bem tratados na infância tinham futuros menos positivos; eram mais estressados e não tratavam bem seus filhotes. E tudo isso estava relacionado com o padrão epigenético das células tanta de fêmeas quanto de filhotes!

E agora preste atenção: mesmo camundongos adotados - que então não tinham a mesma herança genética da mãe - que eram expostos ao bom tratamento da mãe adotiva também eram menos estressados no futuro e apresentam comportamento carinhoso! E camundongos filhos da mãe carinhosa - que tinham, então, a mesma constituição genética da mãe carinhosa - que eram afastados dela e criados por mães não-carinhosas apresentavam comportamento não-carinho na vida adulta!

Ou seja? Não era o padrão genético que estava determinando se o camundonguinho seria carinhoso ou não no futuro, mas sim a sua experiência de vida que influenciava no seu padrão epigenético.

O que isso nos mostra claramente? Que nosso DNA pode nos impor alguns limites - se tivermos um gene para câncer teremos maior probabilidade de ter câncer - mas ele não é determinante. Nossas experiências de vida influenciam, pois são elas que vão estabelecer nosso padrão epigenético, que é plástico e mutável.

Os epigenomas e genomas apresentam padrões complexos, que mudam de perfil de acordo com diferentes células e diferentes tecidos. Por isso, você tem que ter paciência com os cientistas que fazem o melhor possível para entender esses padrões, e não pode ficar bravo quando eles falarem e disfalarem mil vezes que você deve comer ovo.

No entanto, estudos sérios, publicados nas melhores revistas científicas, tem mostrado uma relação extremamente forte entre atividade física, dietas vegetarianas, meditação e saúde mental e física.

Pra finalizar e salientar, a ciência mostra cada dia mais que embora nosso código genético seja impreterivelmente a junção do DNA de nossa mãe e pai biológico, a gente faz 'o que bem entender' com a expressão dos genes de acordo com nossas escolhas diárias.

Nas palavras do professor Marcelo:

                                                                         "You are what you eat.
                                                                          You are what you do.
                                                                          You are what you experience" 







E isso é a ciência falando. Não é nenhum guru de auto-ajuda! Se você era cético quanto as vantagens do bem viver, esqueça; agora você não tem mais desculpa determinista ("vou morrer do coração mesmo porque toda minha família morreu!!!") pra não viver ou deixar viver.

Referência:
Epigenetic programming by maternal behavior. / Weaver, I C G ; Cervoni, N ; Champagne, F A ; D'Alessio, A C ; Sharma, S ; Seckl, J R ; Dymov, S ; Szyf, M ; Meaney, M J .
In: Nature Neuroscience, Vol. 7, No. 8, 08.2004, p. 847-854.


Obs: há muitos e muitos artigos científicos sobre hábito de vida e epigenética para as mais diversas áreas: atividade física, depressão, obesidade e etc. Se você tiver a referência mas não conseguir acessar o trabalho por algum motivo, pode escrever pra mim que farei o melhor possível para repassar.







segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Com quantas letras A,C,T,G se escreve um genoma de mexilhão?

O mexilhão dourado é uma praga. E nós queremos estudar a sua genética para entendê-lo e combatê-lo. Desde o fim do financiamento coletivo, onde arrecadamos mais de R$40 mil, estamos fazendo isso!


Todo mundo já sabe que o DNA é o código da vida presente em todos os seres vivos: desde os vírus e bactérias até os seres humanos (com a exceção de alguns vírus, que tem RNA como material genético). Esse código é formado essencialmente pela sucessão de quatro letrinhas que formam pares e são na verdade a representação simplificada de nucleotídeos: os A,C,T e Gs do código genético.

Nessas letrinhas está contida toda a informação necessária para a construção e processamento das proteínas, que são os blocos de construção do nosso corpo; são os nossos tijolos. Nem todo o DNA é formado de tijolos, na verdade, eles representam apenas uma pequena porção de todo o código. Tem muito cimento codificado no DNA também, que auxilia na estruturação de todos esses tijolos. E muito DNA ainda não possui função esclarecida: talvez seja apenas a nossa ciência ignorante que não saiba para o que ele serve, mas ele também pode não servir pra nada!

De qualquer forma, o primeiro passo para estudar todas as letrinhas do genoma de uma determinada espécie, no nosso caso do mexilhão dourado, é estimar quantas elas são: quantas letrinhas em sucessão presentes nos diversos cromossomos da espécie são necessárias para construir um mexilhão dourado?

Uma forma científica de fazer isso é comparando a quantidade de DNA presente no núcleo do mexilhão com a quantidade de DNA presente no núcleo das células de outras espécies as quais já conhecemos o tamanho do genoma, por exemplo, os seres humanos.

E foi exatamente esse experimento que desenvolvemos: através de várias técnicas de biologia molecular nós coramos o material nuclear de ambas as espécies, mexilhão dourado e humanos, e um instrumento chamado citômetro de fluxo mediu a fluorescência do corante que tingiu o DNA celular. No núcleo da célula este corante se liga apenas ao DNA e proporcionalmente, dessa forma, o sinal da fluorescência é confiável (se você for cientista e quiser detalhes do protocolo, acesse nosso protocolo online em http://goo.gl/9eulBB).

Nós já sabemos que o genoma humano possui 3 bilhões de letrinhas. O pico de fluorescência do genoma do mexilhão dourado é 3,8 vezes menor que o pico de fluorescência das células humanas. Isso significa que o genoma de L. fortunei é 3,8 vezes menor que o dos humanos e possui em torno de 800 milhões de letrinhas! É letrinha pra caramba!

Como podemos ver, o genoma do mexilhão dourado é muito menor que o humano. Parece lógico, não é? Uma vez que os seres humanos são mais derivados (não é complexo, é derivado o termo correto!) que os mexilhões! Mas não é tão lógico assim não: depois que muitos genomas foram sequenciados ficou claro que o tamanho do genoma não está relacionado à complexidade do organismo. Por exemplo, o maior genoma conhecido na natureza pertence a uma planta, chamada Paris japonica que possui 15% de DNA a mais que o antigo recordista, que adivinha quem era? Um peixe! Nada de ser humano! (reportagem: http://goo.gl/CDiIDR).
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Como falei anteriormente, os genomas são uma mistura de produtores de cimento, tijolos, argamassa, rejunte e todos os ingredientes necessários para se fazer uma casa. Mas no fim das contas, somente mudando a proporção desses ingredientes, não necessariamente adicionando ingredientes mais requintados, conseguimos construir muitas casas diferentes. E é por isso que o tamanho do genoma não tem necessariamente relação com sua complexidade. O que influencia na complexidade é o modo como cada genoma se expressa para formar cada espécie diferente.

Agora que já determinamos que precisamos montar 800 milhões de letrinhas para formar um genoma, temos muito trabalho pela frente! Vamos usar o dinheiro arrecado com o financiamento no catarse para fazer o sequenciamento; determinar a sucessão dessas letrinhas. Após isto, a bioinformática entra em cena e montaremos os genes que serão nomeados em homenagem aos colaboradores! Mexilhão dourado, você não perde por esperar: vamos desvendar o seu código!!


Esta figura mostra a dificuldade que os cientistas tiveram, e continuam tendo, para decifrar os genomas. Sequenciar as letrinhas é só a primeira parte, o mais desafiador é montar e entender as proporções dos diferentes ingredientes que formam a casa de cada espécie!